Os salários reais dos portugueses são os que mais vão cair em média na Europa ao longo dos próximos dois anos.
O forte ajustamento nas remunerações levará a que em 2013 o salário médio real dos portugueses – que leva em conta a erosão da inflação – recue ao ponto em que estava em 2005.
Com o país a sair da maior recessão da sua democracia, o espaço para aumentar salários nos anos seguintes a 2013 será muito limitado, o que sugere um recuo de pelo menos uma década no nível salarial médio praticado. Aparentemente, ninguém realista admite que esta situação será significativamente invertida nos anos seguintes.
“O que está a ser feito é uma enorme compressão dos salários”, aponta o economista José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
As previsões da Comissão Europeia apontam para uma quebra real dos salários de 5% em 2012 (a maior da União a 27) e de 1,1% em 2013, a que se soma ainda a perda de 3,3% este ano. Este aperto combinado – coincidente com o programa da troika – leva a evolução dos salários reais para o patamar mais baixo desde 2004.
A perda nos próximos dois anos foi revista em alta desde o boletim da Primavera, reflectindo o efeito que a Comissão parece interpretar como uma situação permanente – dos cortes nos subsídios de férias e de Natal na função pública, falando em “eliminação” das duas prestações – e da pressão acrescida sobre os salários no sector privado.
A perda em termos reais mais profunda em 2012 reflecte também a combinação do aperto nominal nos salários, com uma taxa de inflação ainda na casa dos 3%.
Sem comentários:
Enviar um comentário