quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Com a devida vénia... Porque ainda há pessoas decentes.
Numa cabala que lhe foi montada quando cumpria o seu segundo mandato, o General Ramalho Eanes promulgou sem hesitar, uma lei que o impedia de acumular pensões de reforma.
Tamanha injustiça, levou-o mais tarde a entregar o caso aos tribunais.
Como consequência, aqueles pronunciaram-se a seu favor, pelo que lhe foram disponibilizadas as importâncias não pagas durante catorze anos, com retroactivos, num total de um milhão e trezentos mil euros.
Sem hesitar, o nosso antigo Presidente da República decidiu prescindir do beneficio e não aceitou o dinheiro.Num País dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Eanes ergueu-se, e altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados.
As pessoas de bem logo o olharam empolgadas: o seu gesto era-lhes uma luz de conforto,de ânimo em altura de extrema pungência cívica, de dolorosíssimo abandono social.
O acto do antigo Presidente sobreleva a "calamidade moral que por aí se tornou comum" e ganha repercussões salvíficas face à nossa pervertida ética actual.
Com a sua atitude, Ramalho Eanes que como é sabido, também recusou o bastão de Marechal, preservou um nível de dignidade decisivo, que nos permite continuar a acreditar no futuro dos que ainda persistem em ser decentes.
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