quinta-feira, 17 de abril de 2008

Por Causas em Odivelas

Despertar a Cidadania em Odivelas – Artigo de opinião por Joaquim Lourenço


Invariavelmente tenho sido questionado sobre o motivo que me levou a aderir a um movimento em Odivelas, dado que é desconhecida a minha intervenção cívica passada. Recordo que um determinado jornal da urbe, questionou o que tinha andado a fazer, porque o senhor jornalista nunca tinha ouvido falar na minha pessoa. Infelizmente para muitos jornais locais e regionais, é visível que vivem da imagem da figura do Presidente da Câmara, o que me leva a pensar que estamos numa excessiva promoção da imagem e marketing público de determinado sistema vigente.

Para que se saiba, a intervenção cívica nunca passou apenas pela acção partidária. Por exemplo, a actividade de âmbito social em Comissões de Moradores, é tão digna como qualquer outra actividade cívica, desde que sirva causas públicas ou comuns.

A grande verdade é que nos últimos actos democráticos, em que a população foi consultada, temos verificado que cada vez mais, surgem grupos de cidadãos que concorrem a órgãos de poder. Face a esta verdade, pergunto: Os partidos políticos não estão a ficar fechados e obsoletos? Questiono-me muitas vezes se não estão reféns de lobbies ou outro tipo de sincronias que os amordaça. Isto apesar de concordar que existem pessoas nesses mesmos partidos, com vontade de servir e ouvir o cidadão comum. No entanto, eles não são em número suficiente, pelo que desse modo, julgo existir amplo espaço para o surgimento de novos movimentos associativos com fins cívicos, pois a riqueza intelectual, técnica e criativa está a perder-se nas estruturas politicas locais e nacionais, onde o independente ideológico, o homem das causas começa a desvanecer-se.

A História, já demasiadas vezes nos mostrou que precisamos de mecanismos que evitem novos sistemas ditatoriais, onde o respeito pelos direitos mais elementares do género Humano é negligenciado, com nefastas consequências ao nível sociológico, económico e científico. Assim sendo, os cidadãos podem e devem tomar papel activo, para que não se criem poderosos sistemas à margem da lei que monopolizem as nossas vidas. A proliferação da corrupção é em parte reflexo e consequência disso mesmo e a antecipação a movimentos de contestação ao status, promove e mantém viva a imagem sacrossanta dos autarcas, sendo que as despesas são sempre suportadas pelos cofres públicos ou seja, pagas por todos nós.

A constituição no nosso concelho de um movimento cívico, pode terminar com o poder autárquico que existe e que não é diferente da generalidade do país, onde ainda restam honrosas excepções. A alternância é capaz de criar dinamismos que de outro modo tendem a não funcionar, vivendo-se do que na gíria chamamos “à sombra da bananeira”.

De um modo geral, sinto que existe na população um sentimento de esperança se houver alternativa e também me dou conta que existem muitas pessoas com vontade de encetar maior participação activa nos destinos do concelho, mas que por motivos vários andam dispersas ou não se identificam com os sistemas partidários. No entanto, estas pessoas possuem ideias, capacidades e competências que estão a ser desaproveitadas. Dado que sou um dos cidadãos que pretende que apareçam alternativas e que acredita nos movimentos cívicos como um modo de rejuvenescer a democracia, estou disponível para a mudança.

Contem comigo.

Joaquim Santos Lourenço

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